quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Histórias da Júlia: uma antologia


Como hoje é aniversário da Júlia, vou tirar um tempinho pra falar sobre ela. Mas não vou ficar rasgando seda não!
Pra começar, a frase que uma pessoa mais ouve diz muito sobre ela. A frase que a Júlia mais ouve é "e nem precisa fumar...", "nossa, imagina se fumasse!" e coisas semelhantes. Já dá pra imaginar, né?
Pois é, falando em imaginação, a Júlia é uma das pessoas mais imaginativas que conheço. Por isso a convivência com ela é tão divertida. Faz a gente rir o tempo todo sem se esforçar pra isso, apenas com suas tiradas.
Por exemplo, um dia ela começou a falar de sua experiência: "Eu comi pão com muito requeijão e leite com muito chocolate. Ficou com gosto de carne! Acho que a explicação pra isso é que aquele gosto é de proteína." E depois completou: "A prova de que isso aconteceu de verdade é que fiquei um tempão sem comer requeijão, coisa que adoro." O resultado disso foi uma Teoria dos alimentos de Júlia Lemos, que ainda virou um artigo científico fictício escrito por mim.
Essa coisa de ficção foi uma fase por que passamos. Quando tinha trabalho no curso de jornalismo, queríamos fazer tudo fictício. Na aula de diagramação, fizemos um jornal inteiro com tudo fictício, a cidade, as referências, os fatos...
Acho que a maior viagem da Ju foi quando ela pensou que o globo ocular dava voltas de 360 graus dentro do olho. E que o olho ficava virado pra trás quando dormíamos e ficava girando na fase do REM.
Quando perguntada sobre seu maior defeito e sua maior qualidade, ela respondeu: "Meu defeito é não saber ouvir. Minha qualidade é que eu gosto de falar."
Um dia recebi uma mensagem dela no celular perguntando onde ela poderia arranjar um gato e dizendo que era urgente. Imaginei que fosse aniversário de alguém que gostasse de gatos ou coisa parecida e respondi indicando um pet shop. Quando conseguimos nos falar, ela explicou: "Eu preciso de um gato porque apareceu um rato aqui em casa".
Quando eu dou rata, ela aponta pra mim e diz: "A-ha! Você deu uma rata!" E depois lamenta: "Pena que não vou conseguir lembrar pra contar depois". Nas rodas de conversa, quando conto as ratas dela, ela diz: "A Lian também dá rata, mas eu não me lembro."
Está bem, está bem. Não vou resistir e vou rasgar um pouquinho de seda também...
Desde que nos tornamos amigas, a Júlia está muito presente na minha vida. Ela tem sido importante em todas as minhas fases. Apesar de me dar bronquinhas de vez em quando, ela respeita e compreende como ninguém meus sentimentos. Nós duas passamos pela fase de sushi no mesmo período e nos acompanhávamos por todos os restaurantes japoneses da cidade. Já fizemos oficina de caixinhas. Já fizemos crochê em frente às Lojas Americanas. Bordamos tapete juntas. Pintamos quadros de retalhos. Passeamos de sacoleiras em São Paulo. Voltamos de taxi de Bragança Paulista. Gravamos cd e cantamos em público. Fizemos coreografias em todos os saraus. Brigamos com a mulherzinha. Discutimos se a essência existe. Sentamos no chão do banheiro e tivemos preguiça de levantar. Eu adotei a família dela inteira. Fizemos muitos acordos de paz jogando War. Tentamos nos comunicar gargarejando água e escrevendo com lápis molenga. Trocamos um longo bilhete em sala de aula falando dos professores que foi parar no mural da sala. Propusemos criar um calendário novo. Na defesa da monografia da Ju, a orientadora dela, Silvana, afirmou que ia constantemente nos buscar no corredor da faculdade. Todo dia planejávamos uma viagem nova. Nos seminários, ela tinha que falar por último, senão ocupava o tempo de todo mundo.
Enfim, compartilhei demais da minha vida com essa amiga. E tudo que tenho a dizer agora é: outros aniversários virão, e tudo isso, toda essa imensidão de vida compartilhada ainda é pouco, ainda é só o comecinho...

Um comentário:

Julia Lemos disse...

Nossa Lian, você quer me matar de chorar? aquela carta ontem já me fez ficar uma chorona aqui, e agora essa antologia! não sei como você consegue se lembrar de tanta coisa! pra mim é ótimo pq aí posso confiar que tem uma memória fora de mim que me lembra as coisas! e quantas coisas boas! a gente se diverte muito mesmo e sabe curtir essa vida! Obrigada por todo esse carinho. Nossas almas com certeza são irmãs, porque não consigo imaginar essa amizade passar algum dia. Quando você vier a Goiânia vamos comemorar de novo! te amo amiga querida! beijão!