quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Tive minha primeira aula de meditação com mantras. 

Peguei uma carona com o companheiro português, que teria uma aula de sitar logo antes. Combinamos de um esperar o outro.

Quando estive com o professor anteriormente, ele me recomendara:

- Quando vier à aula, venha de marrom.

- Está bem.

- Ou vermelho.

- Ok, vou me lembrar. Marrom ou vermelho.

- Também pode ser amarelo. Ou branco, para dar paz. Verde também é uma cor excelente.

- Ahn... Então com qual cor devo vir?

- Todas as cores são boas. Depende da vibração que você quer.

Entendi. Que eu fosse para a aula vestida. Parecia fácil.

Apareci colorida. Blusa bege, calça amarela com laranja com vermelho com branco com marrom, poncho azul.

Todas as vibrações possíveis.

Vibramos.

Eu repetia com ele alguns mantras simples, e ele puxava as variações. Com a boca aberta. Anasalando. Com os braços e o queixo levantados, em devoção. Com abandono. Quanto mais eu me abandonasse, melhor.

- Como você se sente?

Eu me sentia ótima.

Então ele me passou uma sequência para meditar em casa, logo que acordasse, e eu segui meu caminho, junto com o amigo, que me esperava.

Fizemos um almoço tardio e eu quis ir em direção ao rio, para ver a lua cheia. Era hora da cerimônia. O ghat principal estava, como sempre, lotado de turistas e vendedores. Desci as escadas e não vi a lua. Fiquei zanzando meio perdida, procurando-a no céu levemente nublado.

- Quer se sentar por aqui? - ele sugeriu.

Sentamo-nos nos degraus e nos pusemos a comer laranjas e papear sobre a vida.

Até que:

- Olha! - ele apontou.

Eu dei um grito.

Lá estava ela no céu, a nascer. Grande e vermelha. Eu vi-a sair de trás das nuvens, até formar uma bola completa, imensa. Não sei quanto tempo se passou. Sei que ela se tornou alaranjada e depois amarela, até se estabilizar alta e branca naquele céu escuro.

- Depende da vibração que você quer - dissera meu professor sobre a cor da roupa.

Fiquei feliz por ter escolhido todas elas. Se tem algo que aprendi na Índia foi nunca fechar as possibilidades. E nunca pensá-las excludentes.

Cabe muita vida em uma vida só.

Um comentário:

Clarice disse...

A cor que você vê á que sobra. As outras estão dentro de você, então...rs

O grito que eu dei quando vi a lua cheia nascer sobre o mar foi um escândalo. Foi só uma vez, uma única vez que eu vi. Imensa, vermelha, abusada de vermelha. De início levei um susto. Pensei que aquele vermelho c assim no colarinho do mar era algum barco incendiando. Depois explosão da surpresa:É a lua!!!!
Que sensação gostosa, não é?