Terça-feira de carnaval.
Aqui na Índia, também um grande feriado nacional: o Shivaratri. Estando em Varanasi, a cidade de Shiva, podemos ver toda a movimentação em torno das festas.
A cidade enche-se de turistas estrangeiros, mas, sobretudo, de peregrinos indianos. Eles lotam os templos e as ruas. Fazem rituais pelos ghats, acendem fogueiras, andam descalços.
- Haverá um grande evento musical, além do Dhrupad Mela. - alguém me informa.
Todos os turistas frequentam os eventos musicais, que trazem grandes artistas e duram a noite inteira.
- Hoje você vai pra este ou aquele evento? - me pergunta uma polonesa com cara de boneca.
Mas eu decido que não vou a lugar nenhum:
- A não ser que eu possa seguir os peregrinos nos eventos deles. Estou cansada dos ocidentais.
Acabo indo pra casa cedo, passando pelas preparações nas ruas, as flores infinitas. Pessoas carregam caixas de som, enfeitam os caminhos. Tudo está mais ativo por aqui. Menos eu, que continuo em câmera lenta.
E eu sei que Varanasi nunca foi exatamente uma cidade tranquila, mas por um dia eu desejo que ela volte ao seu excesso normal, aquele do cotidiano.
- Nasci mesmo velha - penso.
Tem sempre um dia em que me canso dessa necessidade que se tem de diversão. O dia em que eu tiro as fantasias de fora e prefiro fantasiar dentro.
É como se fosse terça-feira de carnaval.
E é.
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