segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

17 de dezembro


Chovia. Talvez todos os outros desistissem, mas eu lhe pedi que subisse comigo assim mesmo. Mesmo que. "Firmes e fortes", ele respondeu. E me ajudou a escalar quando perdi as forças. Carregou minha mochila quando perdi o equilíbrio. Lavou minhas mãos quando eu perdia sangue. E desde então ele escala comigo. Amigo. Inteiro. Eu invento o rumo e me atiro. Ele me acompanha e cuida para que eu não caia no abismo. Aquele. É ele quem me segura no mundo dos homens. Quem me puxa pelo pé quando nado pro lado oposto. Quem me espera ou me alcança quando saio andando no mato, longe de todos. Criamos um grupo de poesia, chamado "Clubinho Lindo". Como somos os únicos membros, ele é o Rei Lindo e eu sou a Rainha Linda. Escrevemos versos. Eu lhe ensino mandarim e me surpreendo com sua facilidade em aprender. Depois interrompo as aulas por falta de tempo. Invento viagens. Fotografo suas árvores, reclamo de seu enquadramento, faço listas enormes. Viajamos por aí com gorro de passarinho e talvez seja isso mesmo. Voar. Ele voa. Eu prefiro os mergulhos. Eu me despedaço. Ele me refaz em aquarela. Fada. Ser da floresta. Circulíris no céu. Ele conta suas histórias e expõe todo seu processo de pensamento. Transparente. Por isso mesmo, muita luz. Atravessado de amor por todos os lados. Ele que, sem olhar pros lados, atravessa a minha vida. Hoje é dele o dia. Que seja doce a travessia.