segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Já foi tão simples um dia...


Hoje a nossa professora, Maria Esmeralda, estava falando sobre atuar. Acreditar no faz-de-conta, entrar no jogo. Fazíamos tanto isso na infância... Um dia o acreditar torna-se artificial e temos que aprender a ser crianças novamente. Bem, minha última brincadeira de boneca não faz muito tempo. Menos de uma semana, pra ser mais exata. Anos atrás era rotina diária. Mas a Marina não deixava barato. Apesar da minha vontade, as Barbies nunca tinham uma vidinha fútil de compras e felicidade. A Marina armava dramas e suspenses que dariam filmes. Tínhamos uma coleção de cachorrinhos em miniatura, cada qual com uma raça. Quando ela escolhia um deles para ser o cachorro da brincadeira, eu resistia. Não queria cachorro. Ela me prometia que não aconteceria nada trágico com ele. Eu acabava concordando, mas, ao longo da brincadeira, o bichinho ficava doente, morria. As pessoas desapareciam misteriosamente. A mãe tinha câncer. Eu chorava, sofria. Sabia que era faz-de-conta, mas entrava no jogo com toda minha alma. Hoje faço curso de teatro para aprender o que um dia foi tão natural: brincar.

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