segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O sexo dos objetos

Diferentemente do que se pensa, objetos não são seres assexuados. Percebi isso ao constatar que estou cercada por objetos femininos, ou melhor, objetas. Uma computadora, uma celulara, uma carra e até uma dvdéia. Tive que conviver com muitas. No início, quando eu não sabia essa verdade sobre as coisas, me impacientava com elas. Minha mãe dizia: "Lian, os objetos são como as pessoas. Têm suas crises de humor, seus altos e baixos. O melhor a fazer é se acalmar, que logo ele volta a funcionar". E assim acontecia. Mas os altos e baixos de alguns objetos eram tão frequentes, que estes não poderiam se assemelhar simplesmente a uma pessoa, mas a um tipo de pessoa muito específico: as mulheres. De lua, imprevisíveis, com crises de humor e temperamentais. A computadora, que, quanto mais se estressava com ela, mais birra fazia. Apenas com carinho e muita conversa, voltava a funcionar. As celularas que tive, que tinham um faro aguçado para coisas importantes e insistiam em me boicotar. Sentiam também as roubadas, como briguinhas e discussões, e corriam em meu socorro, desligando sozinhas, sem pudor, e ficando apagadas até o sangue esfriar. As objetas detestam se sentir pressionadas e resolvem travar ao menor sinal de urgência. Utilizá-las, portanto, em cima da hora, um erro fatal. Impaciento-me com elas, mas com um quê de condescendência, pois bem sei a quem puxaram.