domingo, 3 de julho de 2011

Aquarela


Foi seu pincel que deu os meus traços.

Dele eu tenho a tez morena, o queixo quadrado e às vezes, só às vezes, esse longo silêncio. Dele eu tenho esse sangue quente e vermelho, que tento abrandar com a fluidez de águas doces. Ele não. Ele vive o fogo e não foge ao incêndio. Dele eu tenho o exército que impede a invasão das não-borboletas. Tenho o solo seco na superfície, para que floresçam os profundamente enraizados. Dele eu tenho o apego à vida. Mas ele tem vida para mil planos e planos para mil vidas. E eu tenho apenas essa alegria vagabunda de existir. Isso é meu. Mas foi dele que ganhei os primeiros pássaros.

7 comentários:

alicexavier@bol.com.br disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
alicexavier@bol.com.br disse...

Tai pai, Tai filha!

alicexavier@bol.com.br disse...

Acertei? rs

Rômulo disse...

Desculpe-me estar contaminado com sua 'aquarela'. Porque pego seus pássaros e pinto com as cores do seu lirismo, só para alegrar o dia e perfumar a noite.
Tai a emoção de comentar, acanhadamente.
Rômulo

Maria Cristina disse...

Letras lindas de filha. Traços lindos de pai.

Angelo Tribuzy disse...

Lindo texto!
Parabéns!

Unknown disse...

Singelo, profundo e de cores graves.