No dia seguinte abriram-se secos os olhos vulcânicos. À custa de tantas camadas de medo adormecera o líquido espesso magmático que fluíra desde sempre. Agora anestesiado, como se possível fosse reter o que se origina do fundo mais fundo: então era o núcleo, a essência daquilo que avivava, e ela não sabia. Mas sabia. É que precisava experimentar água para solidificar-se em terra. Como explicar os caminhos tortos? A diagonal nunca fora seu princípio de vida, sua via principal. Eram longos seus percursos. Foram fios de água que fluíram em chuvas e rios, em um trajeto que tinha fim em seu ponto de origem. Então ela aquosamente reconheceu-se no solo terroso. Ao cravar as mãos na terra, descobriu-o ali: eruptível. Era a essência do mundo - ela não mais se iludia: não iria se apaziguar.
E assim, anos depois, despertaram lacrimosos os olhos vulcânicos.
2 comentários:
Leio seu blog com freqüência. Gosto da maneira que escreve. Não nos conhecemos, mas lendo, vc se parece muito comigo quando eu tinha a sua idade. E este texto utiliza a mesma metáfora que utilizei para o meu último texto antes da metamorfose em quem sou hoje. Não é ruim, mas dá saudade da época que era assim como vc é hj. Espero que não lhe aconteça o mesmo, não tão cedo.
Cuide de seus processos magmáticos.
Leio seu blog com freqüência. Gosto da maneira que escreve. Não nos conhecemos, mas lendo, vc se parece muito comigo quando eu tinha a sua idade. E este texto utiliza a mesma metáfora que utilizei para o meu último texto antes da metamorfose em quem sou hoje. Não é ruim, mas dá saudade da época que era assim como vc é hj. Espero que não lhe aconteça o mesmo, não tão cedo.
Cuide de seus processos magmáticos.
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