Ciclicamente tenho alguma decepção que me faz desacreditar na humanidade. Semana passada tive uma decepção daquelas que fazem o mundo de repente parecer sem sentido. E olha que sou muito compreensiva com quase tudo que é humano. Uma coisa nunca vou entender: quem quer mal a quem um dia te quis bem. Pode você ter com alguém uma relação de amor e confiança e, um belo dia, passado tudo isso, a pessoa te querer mal a ponto de te prejudicar? Prejudicar só, não, sacanear mesmo, de modo baixo e sujo? Apesar de tudo que eu via por aí, eu acreditava secretamente que não podia. E confiava cegamente na bondade, no querer bem...
Mas eu me armo com a mesma ferocidade com que sou atacada (por alguém que outrora me protegeu!), encontro caminhos, tomo providências, alicio cúmplices, aciono contatos. E quanto mais forte me torno, também mais doce vou ficando. Porque descubro no meio disso tudo uma força que não é minha, mas que me é dada com o carinho do profundamente humano. E saio armada com mais ingenuidade e entrega do que antes. E ainda acredito, sim, na humanidade.
terça-feira, 30 de junho de 2009
domingo, 21 de junho de 2009
Festa Junina!
Entre as muitas coisas que moram no meu mundo das saudades, uma delas são as festas juninas. Saudades por que, se há delas todo ano? Saudades simplesmente porque festas juninas, para mim, têm um gosto inexplicável de passado. Um gosto de escola, ensaios de quadrilha, milho, cheiro de quentão, canjica, correio elegante, paixões platônicas, primeiro namorado, encontro de amigos, cidade natal.
Ontem fomos ao Arraial da Providência e teve quase um gosto de infância. Tranças no cabelo e pintinhas no rosto... e éramos crianças novamente. Crianças para brincar de pula-pula e montar touro mecânico, para vibrar com cada comidinha, para dançar quadrilha alegremente.
A verdade é que, quanto mais velha fico, mais liberto minha criança. E me permito ser simples, boba, inocente. E quanto mais o faço, mais preservo minhas referências. Preciso ser criança para saber quem eu sou.
Ontem fomos ao Arraial da Providência e teve quase um gosto de infância. Tranças no cabelo e pintinhas no rosto... e éramos crianças novamente. Crianças para brincar de pula-pula e montar touro mecânico, para vibrar com cada comidinha, para dançar quadrilha alegremente.
A verdade é que, quanto mais velha fico, mais liberto minha criança. E me permito ser simples, boba, inocente. E quanto mais o faço, mais preservo minhas referências. Preciso ser criança para saber quem eu sou.
sexta-feira, 19 de junho de 2009
Para quem me entender
Mas talvez a salvação esteja na linguagem... A partir do momento em que se nomeiam as coisas, elas passam a existir. Então essa falta de que me queixo, no fundo, é um medo de pronunciar tais palavras, o medo de sua realidade. Há um vocabulário aprisionado em mim. Há um mundo inquieto por existir... Se ao menos eu ousasse nomeá-lo.
segunda-feira, 15 de junho de 2009
"Sobra tanta falta"
DAS AUSÊNCIAS
Nos últimos dias tenho me ausentado de tantas coisas importantes, eu sei. Passagem comprada para Goiânia, acabei cancelando-a, por diversos motivos. Entre eles os ensaios que eu não posso faltar e o dinheiro que me falta. O que me redime é que é a mim que minha ausência esvazia.
Casamento da Taís
Minha prima de alma casou-se no sábado, dia 13. Eu queria muito estar lá para dividir com ela esse momento de felicidade merecida. Não estava. Mas estava. Com minhas vibrações positivas e o bem-querer de quem sabe que essa é uma pessoa que doa ao mundo e por isso merece o melhor que o mundo tem a oferecer. O amor, talvez.
Aniversário da Érika
Eu botei a maior pilha para ela fazer uma festa junina e aqui estou eu, no Rio de Janeiro. Mas não me esqueço do aniversário dela, mesmo que ele não esteja no Orkut, desconfio que propositalmente. Não tenho palavras para descrever o que a Érika significou na minha vida, as histórias que passamos juntas no Rio e que continuamos passando. Uma pessoa que caiu no meu caminho por acaso e que escolhi como irmã.
Despedida do Eduardo
Ele tem esse tamanho todo, essa risadona marcante, mas foi de modo muito sutil que entrou na minha vida. Aparecendo nos encontros, normalmente levado pela Érika, pela Maria Cristina. E de repente era presença essencial no Master, no Franz, na Casa São Paulo, no Peixinho. Boa viagem, Eduardo!
DA PRESENÇA
Pra compensar tanta falta, veio minha amiga Júlia me visitar. Pra falar a verdade, o propósito dela não foi exatamente esse, mas ainda assim ela está aqui e enche a cidade com a alegria de sua presença.
sábado, 6 de junho de 2009
Por um mundo mais divertido
Quando eu era criança, os automóveis na rua eram vermelhos, verdes, azuis. Hoje a moda são os tons de cinza. Máquina com cor de máquina, em variações que vão do branco ao preto. Eu, que adoro cores, decidi que meu carro será amarelo. Mas se as coisas fossem do meu jeito... Os automóveis teriam forma de bichos. Teríamos o carro cachorro, com variações de raça, cuja buzina seria um latido. O carro gato, que miaria. O carro leão, que rugiria. O caminhão elefante, o guindaste girafa. O trânsito seria um divertido encontro de animais.
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Os segredos que não me conto
Não sei que caminhos me trouxeram até aqui: essa vida que tratei de explicar e dissecar, à procura de um controle. Com os muitos espinhos eu me domei. Até um dia me encontrar nessa vida toda construída, cerceada, podada, reprimida, logicizada. E resolvi que precisava dar uma enlouquecida, remexer minha obscuridade, mergulhar ou fugir pra valer. Meditação ou mochilão. Arte ou ritual. Catarse. Purificação. Profundidade.
Fui ensaiar uma cena de "Vestido de Noiva" com uma colega doce. No primeiro ensaio, ela não teve coragem de me dar o tapa que a cena pedia. Então fizemos um exercício para desenterrarmos nossa violência. Lutávamos sem nos tocar e, por fim, nos aproximávamos e começávamos a nos estapear, cada vez com mais intensidade. Entrávamos em cena e ela fluía com a temperatura certa. Na saída eu lhe dizia: "É tão bom bater e apanhar, não é?" Ela não devia concordar, pois sorria calada.
Não sei quantos medos foram necessários para silenciar minha alma. Sei que agora, através do teatro, tento, de maneira indireta, alcançar minhas emoções anestesiadas: os segredos que não me conto. Mesmo que doa. Pois a dor vem com este grande prazer: o de me certificar viva.
Fui ensaiar uma cena de "Vestido de Noiva" com uma colega doce. No primeiro ensaio, ela não teve coragem de me dar o tapa que a cena pedia. Então fizemos um exercício para desenterrarmos nossa violência. Lutávamos sem nos tocar e, por fim, nos aproximávamos e começávamos a nos estapear, cada vez com mais intensidade. Entrávamos em cena e ela fluía com a temperatura certa. Na saída eu lhe dizia: "É tão bom bater e apanhar, não é?" Ela não devia concordar, pois sorria calada.
Não sei quantos medos foram necessários para silenciar minha alma. Sei que agora, através do teatro, tento, de maneira indireta, alcançar minhas emoções anestesiadas: os segredos que não me conto. Mesmo que doa. Pois a dor vem com este grande prazer: o de me certificar viva.
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