segunda-feira, 21 de maio de 2012
Pangeia
Eu soube desde o princípio que somos feitos da mesma matéria. Eu vejo pela costa, pelos recortes que se encaixam. Eu vejo pela pele - os diferentes tons de areia. Dela somos feitos. Permeáveis. E o mar é a medida exata da distância que nos une. O mergulho. Quisera eu também brincar sobre as ondas. Quisera ter este domínio impossível sobre a mar. Ato falho. O mar. Lá eu cavaria meu buraco de minhoca, por que não? Quem inventou o tempo e o espaço? Quem inventou de separar os continentes? Outro dia conheci um francês que se encantou com farofa. Disse que, do Brasil, levaria farofa para o mundo, para assim disseminar a paz mundial. Ele não conheceu feijoada, nossa mania de ser homogeneamente diferentes. E de brilhar, quando juntos. Será que o brilho vem da manta ou da cartola do mágico? Tem um adocicado que fica lá no fundo, no final do sabor. Lancheiras abastecidas. Índios voltando ao continente perdido.
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4 comentários:
QUanto brilho!
Belo!
Texto muito inteligente, repleto de poesia.
Nós temos dentro de nós a semente do "e se", não é mesmo? E se as coisas fossem diferentes? E se isso fosse assim, e não do jeito que aconteceu?
Os índios voltando ao continente - que eram deles por direito - deu o toque, final e sutil, desta nossa eterna pergunta!
E se fosse real? E se fosse diferente?
Acho que ninguém sabe a resposta! Ou sabe?
S2
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