quinta-feira, 21 de abril de 2011

... nem sei mais quando tudo começou


"Muitas coisas têm que acontecer para que duas pessoas se encontrem."

Muitas tiveram que acontecer para que tantas se encontrassem. Cada um de um lugar do país, com suas motivações, seus desejos, sua história. Já dizia Vinícius que a vida é a arte do encontro. Pois nos reunimos para fazer arte e, mais do que isso, para fazer vida. Fomos colidindo partículas, gerando e reverberando reações. Caímos no chão de rir, sufocamos de chorar, quebramos tabus, vibramos pelas conquistas individuais e coletivas, nos amamos e nos odiamos e nos reamamos e nos desarmamos. Nesta Babel, procuramos aproximar as línguas e as compreensões. Envelhecíamos à medida que nos tornávamos crianças. Vivemos tudo curiosamente, com intensidade e violência. E, no fim desses três anos, de repente nos damos conta: "Então era amor? Então isso, também, era amor?"

Hoje sei que saio outra, porque transformada por cada um com quem cruzei neste breve, mas infinito caminho. Saio carregada de sotaques, de sonhos, de trocas. Saio com várias camadas expostas, a maioria delas outrora desconhecida até para mim. Tocada por cada mestre, cada um deles com uma lição inesquecível. Venho saída de uma viagem pelo tempo dos Conways, o desagradável de Nelson, o país das maravilhas, os bardos da morte, a aridez de Lorca. E, fechando com chave de ouro, saio hoje desse mundo da incomunicabilidade e dos encontros, em que todos estamos conectados. Mas saio mesmo?

Não sei dizer o quanto sou grata a todas essas pessoas que me cercaram nesse tempo. O quanto sou grata a esse tempo. Aos aprendizados. Às personagens com que fui presenteada. E hoje, em especial, ao Marcelo Mello e à Duda Maia, pelo que fizeram da Mey e pelo que fizeram da Lian.

Quando eu fazia aula no Instituto de Música, aos seis anos de idade, tivemos uma professora que veio de São Paulo especialmente para nos preparar para a apresentação de final de ano. Ela ficou um mês nos ensinando músicas e ensaiando com a gente. Depois da última apresentação, fomos para casa, minha irmã se deitou na cama e chorou como um bebê. Ela ficou uma semana deprimida por causa da tal professora. E hoje, depois de duas décadas, pela primeira vez eu compreendo esse sentimento.

Estou vazia. Mas é um vazio preenchido de amor, de gratidão e de saudades. Nem sei mais quando tudo começou.

4 comentários:

alicexavier@bol.com.br disse...

Que lindo, Lian. Só por isso, vale a vida! Sucesso, lindaaa!

Marília Thereza disse...

Eu te entendo. Eu te entendo.
:~)

Anônimo disse...

visita maesdivinas.blogspot.com, beijinhos!

Mr. G disse...

como eh linda sua visão da vida! lind sua sensibilidade. linda sua maneira de manusear palavras!