quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Reinvenção

Quando peguei a tabela com a programação, resmunguei: Quero férias! Não quero fazer aula de maquiagem! Não quero comprar pancake! Não quero pintar o rosto! Não quero!!!!!

Então ninguém entendeu quando, sem pintura nenhuma, minha feição mudou completamente ao ver a professora entrar na sala. Era a agitação com os espelhos, com o lugar na mesa montada, a novidade. Eram as cores, os volumes, os desenhos.

E logo eu estava me melando de maquiagem e atormentando a professora com meus "e agora?", louca para chegar à próxima etapa. Verdade é que ando cansada de ser instável por dentro e estável por fora. Ter este rosto perenemente igual, que me mortifica como alguém que não sou. Quero me reinventar. Não, não é isso. É que, ao redesenhar o meu rosto, eu não acrescento camadas, eu tiro excessos. Aqueles que devem ser tirados para que apareça a escultura, a forma que existe e que se esconde.

É porque eu sou mutável. É porque eu amo, desamo e amo de novo. É porque eu choro e rio, eu chuva e mar. É porque eu me canso com o mesmo furor com que agarro, eu me amarro e fujo. E escapo entre dedos. Entre os meus finos dedos.

É por isso que me surpreendo ao me fazer básica, velha ou palhaça. É porque me deparo comigo. Porque sou fractal. Porque todas as minhas versões são verdade.

Haja pancake para me alcançar.

5 comentários:

Daniel Borges disse...

Que ótimo se perceber descascando, não? é como vestir uma roupa nova!

Quero eu poder estar ao seu lado quando velhos, assim vou poder rir com você de todas as histórias que quisermos contar, nos sonhos em que realmente vivemos...
bjus

Anônimo disse...

Querer se reinventar é o que move a alma de artista. Lindo o texto!

Maria Cristina

Erika Lettry disse...

Deve ser divertido fazer essa aula. Depois vai ter que mostrar pra gente como fica! Beijos

Nádia Baldi disse...

Lindo post, Lian! Parabéns... A foto também, ficou perfeita! Bjão

Sotnas disse...

Olá Lian, desejo que esteja tudo bem contigo!
Cedo ou tarde chega o momento em que devemos mergulhar em nós mesmos, isto é descobrir o verdadeiro eu que sempre procurou seguir as regras. Sempre fez tudo de maneira a não magoar-se ou ao próximo. Claro que fazemos isto pensando que o nosso eu que tentamos não revelar por receio de ser muito diferente do que agimos. Entretanto quase sempre, o nosso eu aprisionado é exatamente igual ao que sempre agiu, ou melhor, raros são os que se descobrem piores que pensavam. Agimos assim por defesa.
Gosto de seus textos, eles demonstram o ser sensível e que conhece, ou tem certo controle sobre o seu verdadeiro interior. Desejo tudo de bom pra você e todos ao redor sempre, grande abraço e até mais!