Eu sou uma pessoa de vida noturna movimentada. Não, não sou baladeira. Mas também não durmo com os anjos. Não que eu me lembre. O que eu queria era saber com quem eu durmo. Eu me sou um mistério, é verdade, e acho isso a injustiça das injustiças. Como assim, não tenho acesso ao meu inconsciente, se ele é meu?
Do que me lembro, sei quase nada. Do que me contam, ainda muito pouco. Sei que falo durante o sono. Às vezes, rio, choro, suspiro. Quase sempre me movimento bastante. Cruzo as pernas, coloco-as sobre a parede, dou voltas de 360 graus na cama.
Esta noite, a Melissa, que virou a madrugada estudando na sala, disse que me ouviu gargalhar a madrugada inteira. Presumo que minha noite tenha sido boa. Não me lembro. Constantemente me relatam frases que falo durante o sono, nonsenses, sempre. E eu tomo para mim as palavras de Alice: "Mas em que sentido? Em que sentido?"
Aquilo que a memória retém pode sempre ser organizado em um fio lógico. Mesmo que inventado. Sonhei que eu era a Rita Lee, disso eu me lembro. Que era seu (meu) primeiro dia de aula e veio um hippie deitar em meu colo. E eu, Rita Lee, o acolhi e andei com ele eternamente grudado em meu pescoço. Inventei um milhão de interpretações para meu sonho, todas plausíveis. Se verdadeiras ou não, quem é que vai dizer?
Mas e aquilo que está em nós, sai de nós, foi pensado por nós e não temos nenhuma lembrança? Aquilo que existe como se não existisse? Aquilo que só tem um indício de realidade se exteriorizamos e se há alguém por perto e acordado o suficiente para perceber? Do que é feito esse outro eu? Esse eu que me foge...
Um comentário:
Amei!!!!! q doido isso!! doido num bom sentindo!!!! filosófico!!! amei!!!!
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