Já faz alguns dias em que acordo de manhã e meus neurônios ficam dormindo. Estou inacreditavelmente sonsa. Confundi datas e até cismei que o relógio do Nel estava errado, provando-lhe ao apontar na minha agenda "está vendo que primeiro de abril é na terça-feira?", quando estava escrito bem legivelmente na página "quarta-feira". Quando a Leilane falou na varanda de casa, fiquei imaginando de que casa ela tratava, pois não lembrava que aqui em casa tinha varanda. E ela, chocada, dizia: "Lian, aonde você acha que aquela porta de vidro da sala vai dar??" E eu: "Ãh? Porta de vidro? Não é uma janela?" Quando cheguei em casa, fiquei espantada ao perceber que, de fato, há uma varanda no nosso apartamento. E o pior é que eu até a frequento, pois é sempre lá que corto as unhas ou fico olhando para a piscina do Clube América, louca para me atirar. Juro que não fumo nada. Pelo menos tenho a desculpa de ter passado o mês de fevereiro inteiro perto da Júlia.
Descobri que Saint-Éxupery é um chato de galocha. Encontrei um livro todo lindinho, chamado "O amor do Pequeno Príncipe", com ilustrações feitas por ele e trechos de cartas que ele escrevera para uma paixão. Senti-me mal pela garota. Em todas as cartas ele só faz cobranças e reclama, reclama, reclama. Diz que ela não ligou, não o visitou, não teve consideração, etc. etc. e etc. Um ressentido. Fiquei decepcionada. Mas também, o que deveria ficar de certas pessoas são suas obras, não suas intimidades impublicáveis publicadas. Se um dia eu ficar interessante ou famosa o suficiente a ponto de as pessoas se interessarem por minha vida após minha morte, estarei perdida. Tenho tantas coisas impublicáveis espalhadas por aí. Milhões de cartas distribuídas por vários destinatários. Milhões de poesias de quinta categoria em papéis soltos. Confissões e confissões em páginas aleatórias de cadernos quaisquer. Pedaços de mim? Pode até ser. Mas, lidos por não iniciados, essas palavras perdidas mais me mentem do que me revelam.
Descobri que Saint-Éxupery é um chato de galocha. Encontrei um livro todo lindinho, chamado "O amor do Pequeno Príncipe", com ilustrações feitas por ele e trechos de cartas que ele escrevera para uma paixão. Senti-me mal pela garota. Em todas as cartas ele só faz cobranças e reclama, reclama, reclama. Diz que ela não ligou, não o visitou, não teve consideração, etc. etc. e etc. Um ressentido. Fiquei decepcionada. Mas também, o que deveria ficar de certas pessoas são suas obras, não suas intimidades impublicáveis publicadas. Se um dia eu ficar interessante ou famosa o suficiente a ponto de as pessoas se interessarem por minha vida após minha morte, estarei perdida. Tenho tantas coisas impublicáveis espalhadas por aí. Milhões de cartas distribuídas por vários destinatários. Milhões de poesias de quinta categoria em papéis soltos. Confissões e confissões em páginas aleatórias de cadernos quaisquer. Pedaços de mim? Pode até ser. Mas, lidos por não iniciados, essas palavras perdidas mais me mentem do que me revelam.
Um comentário:
Realmente... sobre o que escreveu sobre as cartas... a gente vive penasando em quem somos nós, escrevemos, depois não é nada disso. Escrevemos cartas, fazemos pedidos, reclamações, afirmações... defendemos teses... e depois nos arrependemos do que dissemos. Quem somos nós?
_ Não, apaga. Eu não quis dizer nada disso. Eu não sou nada disso!
E aí... a vida é assim. Por isso os famosos sofrem porque não podem pronunciar nada. Tudo é motivo de crítica. Uma palavra mal dita e pronto... decepcionam-se com eles. Por isso, o importante é o que a gente deixa, capaz de mexer com algúem. Capaz de mudar alguma coisa dentro de alguém, de ruim pra bom, de morte pra vida, de imcopreensão pra compreensão... e aí as obras nos dizem quão grande é o autor, embora as fraquezas e derrotas da vida.
Bjão pra você.
Alice
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