Depois de dispensar sacos e sacos de lixo, imaginei que finalmente tivesse me livrado das tantas tranqueiras depositadas em meu quarto. A verdade é que tenho um talento especial para o acúmulo. Mania de querer guardar a vida toda no presente e de encontrar um valor sentimental em cada objeto. Quando comecei a morar no Rio, meu quarto era vazio. Rapidamente ele se encheu de coisas que não sei de onde vieram. A Marina, ao me visitar no ano passado, ficou escandalizada com minha bagunça: coisas nos dois armários, na estante, nas mesas, gavetas, na cama que outrora fora da Érika, no chão. Mas logo ela aprendeu a se divertir com meu caos particular, revirando meu quarto e encontrando coisas que ela pudesse aproveitar. Agora tenho dois quartos superlotados: o do Rio e o de Goiânia. Divido-me. A cada cd ou livro que resolvo levar para o Rio, me dói um pouquinho. Ainda não me acostumei com a idéia de estar saindo de casa.
Enfim, pensei que me livrara do excesso armazenado em meu quarto de Goiânia, quando dei por falta de um texto, um artigo científico fictício que escrevi há alguns anos, sobre a Teoria dos Alimentos de Júlia Lemos. Então resolvi abrir a parte de cima do armário, que passara ignorada na minha faxina. Para minha surpresa, havia ali montes e montes de cadernos antigos, pastas lotadas de papéis, folhas soltas, textos, poeira. Ao encontrar aquela bagunça tão bem escondida, fiquei feliz. Ainda há bagunça em meu quarto! E percebi que não quero me higienizar e me organizar. Não quero ser sempre previsível e encontrável. Quero esse monte de papéis amontoados e, sobretudo, quero neles encontrar, um dia, uma linha que me emocione. Quero, com um susto, encontrar meus pedaços em meio a esse ser caótico que sou.
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
Palavras ao vento
Ontem fiquei até tarde da noite mandando mensagens para tentar divulgar a ressurreição da Revista Bolhas. Hoje todas as mensagens que enviei desapareceram misteriosamente, mas aí já é outra história (só não perguntem se aconteceu de verdade ou se foi sonho). Mas, enfim, para deixar recados, tive que digitar várias e várias daquelas letrinhas distorcidas. Aquilo atrasa a vida da gente, é verdade, mas confesso que é bem divertido. Fico olhando aquelas palavras que se formam e, puxa vida, dá para fazer trilhões de coisas com elas, dentre as quais listo algumas:
1) Escolher nomes de filhos:
Nomes de menino:
REFREU
DIERMO
EVETIO
ZONION
ULLOR
Nomes de menina:
EODISA
EILIN
MELI
DIMA
YEPHIE
2) Jogar Leréia:
SPACTR: Pimeira estação espacial russa, responsável pelo lançamento de satélites artificiais na órbita de marte.
SORATO: Estilo musical oriundo do norte da Itália, caracterizado por um canto choroso e pela teatralidade, com temática melancólica.
ADERMA: Síndrome congênita que aflige mamíferos na região do Cáucaso, caracterizada pela ausência total ou parcial de pele.
HALIZ: Erva aromática cultivada pelos índios Yanomami, muito utilizada na preparação de chás.
3) Conversar com adolescentes no Orkut ou MSN:
- GENDE, vcx viram o CHUSTU q eu levei?
- Minha miguxa me deu um CHUT e naum mora maix no meu S2.
- SERAW q vai xuver hj?
- Eu DICIE PRELA naum fazer aquilo!
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
Faxina
"Eu hoje joguei tanta coisa fora
E vi o meu passado passar por mim
Cartas e fotografias, gente que foi embora
A casa fica bem melhor assim."
Fazer faxina no quarto é atividade dolorosa/prazerosa. A gente revira os papéis e objetos guardados na alma. Encontra o passado, rasga aquilo que queremos apagar da vida, guarda com cuidado o que queríamos ter mantido, joga fora o que não nos faz sentido. A gente abre as gavetas há muito fechadas, levanta poeira pelo cômodo. O gato, animado com a bagunça, participa, quer pisar nos papéis, deitar nas gavetas. A gente acorda emoções que dormiam em alguma gaveta da alma. A gente encontra muitos "eus". Eu que queria mudar o mundo, no "Revolução em cadeia". Eu que tentava me encontrar em poemas. Eu estudante que fazia exercícios de Matemática. De quantos "eus" me faço e junto os pedaços para encontrar uma face que de tantas tem uma só certeza: sanidade é opção diária e exige esforço contínuo. E esse exercício de me ser é por vezes dolorido, pois quanto de mim tenho de abandonar. E abandono fazendo uma grande faxina, no quarto e na alma.
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
Expressões inventadas e reinventadas
HOMEM DE DANÇA DE SALÃO
Esse termo designa um tipo específico de homem: homens bregas, com calça de cintura até o peito e camisa para dentro, perfume forte por cima do cheiro de suor e mau hálito. A expressão surgiu a partir das minhas tentativas de fazer aulas de dança de salão, com rápida desistência, porque tinha que ter muita proximidade com o tal tipo de homem. Desde então, qualquer homem que se enquadre nesse estilo virou "homem de dança de salão".
CHATO QUE PASSA MAL
Você já reparou que, em um passeio ou viagem, é sempre a pessoa mais chata do grupo que passa mal? Pois é.
MIAR
Havíamos combinado um passeio pela manhã, quando, na noite anterior, nosso amigo Nel anuncia: "Gente, amanhã de manhã vou miar". Bem mais tarde ele explicou que "miar" significa "dar para trás", mas até lá eu já havia interpretado a expressão à minha maneira e, quer saber? Acho que fez muito mais sentido. Minha linha de pensamento foi: Gatos miam. Gatos são dorminhocos e preguiçosos. Logo, "miar" significa ficar curtindo preguiça. Bem melhor, né?
Esse termo designa um tipo específico de homem: homens bregas, com calça de cintura até o peito e camisa para dentro, perfume forte por cima do cheiro de suor e mau hálito. A expressão surgiu a partir das minhas tentativas de fazer aulas de dança de salão, com rápida desistência, porque tinha que ter muita proximidade com o tal tipo de homem. Desde então, qualquer homem que se enquadre nesse estilo virou "homem de dança de salão".
CHATO QUE PASSA MAL
Você já reparou que, em um passeio ou viagem, é sempre a pessoa mais chata do grupo que passa mal? Pois é.
MIAR
Havíamos combinado um passeio pela manhã, quando, na noite anterior, nosso amigo Nel anuncia: "Gente, amanhã de manhã vou miar". Bem mais tarde ele explicou que "miar" significa "dar para trás", mas até lá eu já havia interpretado a expressão à minha maneira e, quer saber? Acho que fez muito mais sentido. Minha linha de pensamento foi: Gatos miam. Gatos são dorminhocos e preguiçosos. Logo, "miar" significa ficar curtindo preguiça. Bem melhor, né?
domingo, 8 de fevereiro de 2009
Curtas
Lembram o merengue delicioso que Júlia e companhia levaram para o Natal dos Amigos, dizendo que eles fizeram? Era mentira! O merengue foi comprado na Cravo e Canela, e a embalagem, descartada no caminho!
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Eu e Nel vamos fazer um dicionário sobre o uso correto das palavras. Por exemplo:
1) Quando dizer "bravo" e quando dizer "brabo"?
R: "Bravo deve ser usado para pessoas e animais, enquanto "brabo" deve ser usado para fenômenos da natureza.
- A professora está brava.
- Esse cachoro é bravo.
- Hoje o mar está brabo.
2) Quando pronunciar "pEpino" e quando pronunciar "pIpino"?
R: "PIpino" deve ser usado para o alimento, enquanto "pEpino" deve ser usado para nomes próprios.
- Vou comer pIpino.
- Eu estudei sobre PEpino, o Breve.
- Vamos à Praia do PEpino?
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Leilane e Luana no MSN:
LE - Vou estudar o regime de autarquia.
LU - Emagrece muito?
.........................................................................................
Fernando e Júlia no Rio:
F - Vai começar o Campeonato Carioca. Será que amanhã vai ter jogo no Maracanã?
J - Pra que serve ter Campeonato Carioca, se não tiver jogo no Maracanã?
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No Buteko do João:
Rodrigo - Apareceu um rato lá em casa, eu dei uma vassourada, mas ele não morreu. Quando tentei dar uma paulada na cabeça, ele fugiu.
Erika - Mas acho que ele acabou morrendo, porque se jogou da sacada.
Lian - Ah, "eu acho que ele morreu, pois caiu do décimo andar..."
Maria Cristina - Se ele não tiver aberto o pára-quedas, então ele morreu.
..........................................................................................
Júlia - Lian, você tem vontade de participar do Big Brother?
Lian - Claro que não!
Júlia - Ainda bem, porque você seria o tipo que as pessoas não iam gostar.
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Eu e Nel vamos fazer um dicionário sobre o uso correto das palavras. Por exemplo:
1) Quando dizer "bravo" e quando dizer "brabo"?
R: "Bravo deve ser usado para pessoas e animais, enquanto "brabo" deve ser usado para fenômenos da natureza.
- A professora está brava.
- Esse cachoro é bravo.
- Hoje o mar está brabo.
2) Quando pronunciar "pEpino" e quando pronunciar "pIpino"?
R: "PIpino" deve ser usado para o alimento, enquanto "pEpino" deve ser usado para nomes próprios.
- Vou comer pIpino.
- Eu estudei sobre PEpino, o Breve.
- Vamos à Praia do PEpino?
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Leilane e Luana no MSN:
LE - Vou estudar o regime de autarquia.
LU - Emagrece muito?
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Fernando e Júlia no Rio:
F - Vai começar o Campeonato Carioca. Será que amanhã vai ter jogo no Maracanã?
J - Pra que serve ter Campeonato Carioca, se não tiver jogo no Maracanã?
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No Buteko do João:
Rodrigo - Apareceu um rato lá em casa, eu dei uma vassourada, mas ele não morreu. Quando tentei dar uma paulada na cabeça, ele fugiu.
Erika - Mas acho que ele acabou morrendo, porque se jogou da sacada.
Lian - Ah, "eu acho que ele morreu, pois caiu do décimo andar..."
Maria Cristina - Se ele não tiver aberto o pára-quedas, então ele morreu.
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Júlia - Lian, você tem vontade de participar do Big Brother?
Lian - Claro que não!
Júlia - Ainda bem, porque você seria o tipo que as pessoas não iam gostar.
Mais um Natal dos Amigos
Muitos curiosos querem saber por que comemoramos o Natal em fevereiro, afinal. Ora, Natal em dezembro é data que se passa com a família, cada qual em sua cidade ou casa. Natal dos Amigos é o dia que inventamos para aproveitarmos a outra parte da família, aquela que não é unida pelo sangue, mas pelo coração. Mas por que em fevereiro, meu deus do céu? Simples: porque estou em Goiânia. No ano passado, foi em janeiro. Quer melhor data para comemorar o Natal dos Amigos senão quando os amigos podem se reunir?
O primeiro convidado a chegar foi o Apolo. Acompanhado, é claro da Georgia e do Leo. Atraindo para si a atenção de todos, esse neném bochechudo protagonizou cenas impagáveis, ao ver a mamadeira e ao fazer sua carinha de flash. E à medida que os convidados foram chegando, o terceiro andar do Edifício Araras foi se enchendo de vozes, risadas, alegria. Presenças e ausências. Pessoas que participaram pela primeira vez do nosso Natal, como a Amanda, a Lorena, a Ana, o Apolo fora da barriga. Pessoas que não puderam estar presentes, mas são eternamente benvindas, como a Taís, o Nel, a Elisa, o Altair.
Como sempre, tivemos gincana, com mímica, batalha musical, jogo de quem tem o quê e quiz sobre a Revista Bolhas. Para quem não sabe, nosso Natal marca também a ressurreição da Revista Bolhas, de coma já há algum tempo. A partir do meio desta semana, teremos novos textos e novo layout. Se a CPU da Érika reaparecer, é claro. Mas, voltando à gincana... o destaque foi a Júlia brincando com ferocidade e revoltada por não vencer. Os vencedores foram: Em terceiro lugar... Lorena! (aplausos) Em segundo lugar... Georgia! (aplausos) Em primeiríssimo lugar... Leandro! (aplausos com "uou uou").
Desta vez tivemos a participação de minha mãe. E, como mãe é mãe, além de fazer questão de comprar salgadinhos e trufas, ainda ficou insistindo para que jantássemos cedo, por medo de passarmos fome. Não adiantava argumentar que devíamos cear só à meia noite, pois era Natal. Apesar das insistência para comermos antes e brincarmos depois, seguimos nossa tradição, de revelar o amigo secreto antes. É claro que nesse momento já houve invasões na ceia, inclusive com a Júlia fissurada no sashimi.
Depois da ceia, cantamos parabéns para a Maria Cristina com merengue de morango e mais outros deliciosos doces. Eu sei, o aniversário da Maria Cristina é dia 24 de dezembro. Ou seja, Natal. Daí que a melhor data para se comemorar com os amigos é mesmo no Natal dos Amigos, mesmo que seja dois meses depois. Assim, ela ganha dois meses a mais de juventude.
E encerramos a noite com bate-papo de jornalistas, cada um falando sobre coisas chatas e os horários de trabalho mais loucos. E eu, como sempre, feliz da vida por não ser jornalista...
Depois as pessoas foram embora, as vozes foram desaparecendo, mas ficou aquele climinha de felicidade e bem-querer. Quando entrei no quarto, achei um presentinho. Na bagunça feita pelos meus gatos, foi derrubado no chão um caderninho, que eu havia perdido e há muito procurava. Dia desses eu havia comentado com o Nel sobre a perda dele, esse caderninho que tenho há dez anos, com recadinhos que meus amigos e colegas escreveram para mim. Pessoas que foram grandes amigas e que hoje quase não tenho contato. Pessoas que eu estava começando a conhecer e hoje são amigas de vida. Fui dormir com essa sensação gostosa de um feliz Natal.
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