terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Viva a sociedade alternativa!


Na época da faculdade, em que as menininhas de saia andavam juntas e realmente usavam saias, éramos frequentemente confundidas com hippies, só porque arrastávamos longos saiões indianos e usávamos colares de sementes e brincos de pena. Apesar de achar o estilo o mais lindo de todos, com o tempo fui fazendo questão de não me caracterizar assim, pois eu não queria ser tachada como alguém que eu não era. Eu era apenas uma moça certinha e conservadora, que tomava banho todos os dias e nunca experimentei maconha. Mas, ah, eu confesso...

Confesso que um dos meus desejos que mais me domina é uma tendência hippie que vem de longa data. É a ânsia por uma comunhão. É um desejo ancestral de estar em volta de uma fogueira, cantando e contando histórias, sentindo que todas as pessoas presentes são queridas, te pertencem e que você pertence a elas de alguma forma. Para mim, comunhão com as pessoas é a forma mais simples de se estar em comunhão com o mundo, ou com o que seria um deus.

Ontem, enquanto voltava pra casa, li uma matéria na revista "Vida simples" sobre habitações urbanas comunitárias, em que cada família tem sua casa, mas compartilha espaço e experiências com a comunidade. Então juntou tudo que venho passando, o fato de estar sozinha, de a Júlia e o Fernando terem ido embora, a minha eterna sensação de eu ter sido largada solta no mundo... e aflorou em mim esse desejo ancestral, que veio à tona em uma idéia fixa: "Eu quero viver em uma comunidade alternativa."

Cheguei em casa e tive uma daquelas longas conversas com a Luana, com desabafos, lágrimas, risadas, horóscopo, sonhos, planos... E planejamos nossa comunidade alternativa, criamos regras. Será uma comunidade hippie de família. Ou seja, cada um com seu parceiro. Nada de "todo mundo é de todo mundo" ou "ninguém é de ninguém". Todos serão uma só grande família, mas formada por núcleos monogâmicos. Eu não abriria mão de ter alguém que sempre estivesse lá para mim. A segunda regra é banho obrigatório todos os dias. Também depilação, desodorante e demais convenções de higiene. A terceira regra é: carnes não só são permitidas, como teremos churrasco quase todas as semanas. Também seremos ecologicamente corretos só na medida da não chatice. Reciclaremos, cultivaremos hortas, tudo o que nos permita uma convivência rica e gostosa, mas essa história de usar absorventes laváveis e não descartáveis, ou de parir de cócoras... sinto muito, não vai rolar. Manda uma anestesia geral e uma cesariana, que são muito bem-vindas...

Amigos que queiram se candidatar a viver nessa comunidade, que sejam pessoas de bom coração e que prefiram conversar, brincar e fazer saraus a assistir televisão... Amigos que queiram estar perto de amigos e que queiram uma relação de família, de querer bem, de cuidar uns dos outros... Aceitamos inscrições.

15 comentários:

Ana disse...

Oi, Lian
Adorei o texto. Saudades das minhas saias

Maria Cristina disse...

eu quero, desde que na comunidade não tenha relógio, obrigações, trabalho e demais coisas chatas da vida adulta, kkkk bjinhos

Daniel Carneiro disse...

Estamos voltando à nossa ancestralidade, ao simples. Eu to dentríssimo!!! Tem inscrição?

Maria Cristina disse...

Lian, preciso do seu endereço novo~, não acho o papel onde anotei. manda para o meu email, por favorrr: mariacristinafurtado@gmail.com

bjos

Anônimo disse...

Com quem pego a ficha?!

bicho do mato disse...

Vida Alternativa

Na década de 60, falar em vida alternativa era o máximo. Boa parte dos amigos caiu do cavalo. Uma amiga largou tudo para viver em uma praia da Bahia. Era lindo, romântico. Acabou casada com um pescador. Passou as últimas décadas fritando peixe e brigando quando ele demorava para chegar em casa. Um universitário comprou um sítio, para ficar mais próximo da natureza. Quase teve uma insolação na primeira colheita. Devido a experiências tão didáticas, durante um bom tempo não se falou mais no assunto. Sucesso profissional era o que mais contava! Sinto que a idéia de uma vida alternativa voltou com força total. Mas esqueceu-se a obrigação de viver sem luz elétrica enquanto se come nabo com molho de soja. No verão, sempre cruzo com gente que vive nesse novo estilo. Nas praias, muitas vezes nas montanhas.
Vera vive em Camburi, no Litoral Norte. Largou faz tempo o ABC paulista. Vende plantas. Possui um terreno enorme na região mais próxima à montanha, com as plantas mais exóticas de que já tive notícia. Há algum tempo, eu me apaixonei por uma enorme bromélia florida.
– Não posso vender – explicou Vera. – Quando a flor seca, esse tipo de bromélia morre. Seria desonesto.
Adorei a franqueza. Fui à casa dela, na montanha. Vive em jardim suspenso, cercada por plantas incríveis. Comentei:
– Não é muito solitário?
– Aqui as coisas são diferentes! Veja!
Dito isso, mostrou uma foto. Vi um gnomo, de chapeuzinho e tudo mais. Pisquei. Não, parecia um beija-flor. Pisquei novamente. Era um gnomo! Fiquei em dúvida.
– Há quem diga que fotografei um beija-flor. Para mim, será sempre um gnomo! - garantiu ela. – Como posso me sentir sozinha se estou cercada por gnomos?
Um amigo largou a vida de administrador de empresas. Tornou-se massagista. Armou uma barraca de massagem na praia. Nos dias de sol faziam fila! Alugou uma casa por lá. Deixou a cidade grande.
– Na temporada ganho bem. Fora dela vou levando – explicou. – Só de acordar ouvindo passarinhos a vida já vale a pena.
Outro transformou o hobby em profissão. Tornou-se marceneiro. Montou uma loja de móveis artesanais em Juquei. É a Freijó, onde existe também um bar. Não quer outra vida:
– Faço meus móveis, curto o bar... Para que esquentar a cabeça?
Há quem se dedique a restaurantes. Em geral, pequenos e caros. Montam com uma estrutura mínima e grandes artifícios culinários. Alguns se tornam até famosos, como o Edinho, do restaurante Manacá, também em Camburi. A casa virou um point gastronômico de todo o litoral.
Um pequeno empresário desistiu do escritório e resolveu se dedicar aos tapetes artesanais em Itapecerica da Serra. Apesar da concorrência dos persas Mário anda feliz:
– Faço o que quero, é mais criativo!
Uma bailarina na Granja Viana passou um bom tempo assando pães caseiros. Duas amigas sobreviveram anos fazendo bolos de canela. Conheci uma cantora de sucesso que chegou a descer de helicóptero para apresentar-se no Estádio do Pacaembu, lotado. Enquanto rebolava, entortando a boca ao som do play-back, pensou: – "O que estou fazendo aqui?" - Largou tudo. Foi estudar ioga. Hoje, tem um spa alternativo na região de Campos do Jordão. À base de comida vegetariana, muita meditação e paz de espírito.
O mais interessante: na prática, boa parte dessa turma que optou pelo alternativo vive bem. Certamente se diverte mais. É uma prova de que, puxa vida, o sonho não acabou!

Unknown disse...

Nossa vc planejo o comunismo . . .

bnlog legal hein

bjus

Roosevelt disse...

Ola Lian. Me chamo Roosevelt, moro em MG, gostaria de me canditadar a morar com vcs, como faço, gostaria de mais explicações, como funciona a comunidade, sera que pode mandar pelo meu e-mail? Desde ja agradeço. E-mail: falecomroosevelt28@bol.com.br

roseli disse...

olá Lian,adorei sua filosofia de vida,sempre tive vontade de viver em um comunidade alternativa.Tenho 50 anos,sou artista plastica e terapeuta holistica,achei voce uma menina especial,gostaria de me juntar a voces.muitas paz a todos,espero reposta beijosssssssssss.ALMEIDA-roseli@hotmail.com

Janislove disse...

Olá! Faz algum tempo em que estou pensando em morar em uma comunidade alternativa, onde possa estar em contato com a nartureza, com o amor e a fraternidade humana e com a espiritualidade.
Sou enfermeira, e gostaria de poder colaborar com a comunidade, meu contato é lorac_217@hotmail.com

Unknown disse...

Oi gente!
É simplesmente tudo o que procuro!
Vcs ainda estão aceitando inscrições?
Abraços fraternais
Fernando

Unknown disse...

Meu contato é fernandogianoni@hotmail.com
Sou o rapaz do comentário acima
Abraço!

Fernando Fernandes disse...

Olá Lian,
Como vai? Estava aqui sentado na frente do PC e buscava informações sobre comunidades alternantivas, já estava desistindo quando por acaso apareceu a sua. Confesso que dei uma boa gargalhada com a sua narrativa de como é que vc iria desenvolver a sua, a maneira que as pessoas participantes deveriam se comportar, principalmente na parte da higiene pessoal, foi aí que senti a diferença. Também não partilho a idéia de que para ser um Alternantivo tem que ser "porco", ou sofrer de atrasos medicinais. Lian, estou morando em Portugal, depois de ter passado bons anos na Espanha e na França, contudo, esta vida de busca profissional, de caça ao dinheiro e ao possuir me esgotou, me levou a ver que de nada vale passar pela vida em busca de tais coisas. Tenho levado a vida de uma forma apática e sem graça, vivo um dia após o outro, observando a vida passar, o que me segura é a espiritualidade que tento a trancos e barrancos manter presente no meu lar e no meu dia a dia, pois tenho na minha família minha maior e mais valiosa fortuna. Hoje vivo só com o meu amor eterno, a Mônica, os filhos já cresceram e estão encaminhados, quem precisa se encaminhar agora sou eu, ou melhor dizendo, nós...
Tenho minha casa aí no Brasil, na Praia do Francês em Alagoas, mas sempre que me imagino voltando para lá, me vem uma sensação de vazio, tipo, para fazer o que?
Assim, resolvi humildemente te escrever, tentar saber de vc um pouquinho mais da vida que se vive aí, de como poderia ser útil e servir ao todo, da sua localização e do que é exigido para se participar deste tão belo projeto de vida.
Se for possível me falar algo mais, ficarei muito agradecido.
Meu nome é Fernando Fernandes, meu e-mail é:
fernandofernandes17@hotmail.com
Obrigado pela oportunidade, bjnhos a todos,
Fernando.

João Nunes disse...

Olá Lian! Como já fazem 3 anos desde que você teve essa idéia de organizar uma comunidade alternativa venho perguntar se já conseguiu e caso afirmativo se ainda aceita inscrições! Pergunto também onde fica(ficaria)essa comunidade? Moro em Curitiba mas não me importo em ir para longe, tenho esposa e 1 bebê, sou designer e poderia ajudar de várias formas.
Um grande abraço fraternal.

Unknown disse...

olaa
gostaria de saber se o projeto se efetivou realmente e se ainda aceita vagas...
tenho 21 anos e nao sinto ansiedade em terminar uma faculdade e ingressar na vida urbana de trabalho para depois casar, me aposentar e morrer simplesmente..
sinto que tenho muito mais a aprender do que a ensinar porem prometo colaborar com muita generosidade e compartilhamento de energia.
Meu nome é Felipe Galvão Vieira da Cunha, email: felipecunhamd11@gmail.com