domingo, 12 de outubro de 2008

Dia das crianças


A criança que eu fui falava pouco e brincava muito. A criança que eu fui subia nas árvores, pendurava-se do lado de fora da sacada do terceiro andar e catava amoras e cajus no pé. A criança que eu fui chorava nas brincadeiras de Barbie porque o cachorrinho morria. Levava broncas por não conseguir verbalizar suas motivações. A criança que eu fui achava que dar uma volta no quarteirão era uma aventura. Ficava sem recreio porque não tinha feito a tarefa. Tinha cabelo de cuia e parecia um moleque, sempre arranhada e com cicatrizes. A criança que eu fui ganhava presentes do Papai Noel e do Coelho de Páscoa e se emocionava com o velhinho que se dedicava a alegrar as crianças na noite de Natal.

A criança que sou fala muito nos intervalos do silêncio. A criança que sou já não sobe em árvores, muros ou em qualquer lugar que não inspire muita confiança. A criança que sou procura saber onde está pisando. A criança que sou gosta de colo. A criança que sou não fala com estranhos. A criança que sou adora estar rodeada de outras crianças, grandes ou pequenas. Tem cabelo comprido e sem franja, mas se tiver um filho adorará que ele tenha cabelo de cuia.

A criança que fui sentia-se perdida em um mundo que ela tão pouco ou nada compreendia. A criança que sou, também.

4 comentários:

Anônimo disse...

Que bonitinha com cabelo de cuia!!!!...hhehehee.

Jéssica disse...

Q lindo Lian!!!
E q boniinha pequenininha rsrss...

"A criança que fui sentia-se perdida em um mundo que ela tão pouco ou nada compreendia. A criança que sou, também."

Tbm me sinto assim... =/

Marina Mota disse...

Lian, ainda n aconhecia seu blog e resolvi dar um pulinho por aqui hj! Maravilhoso! Ta me emocionando muito! Vc escreve lindamente. Beijos
Marina (CAL)

Anônimo disse...

Eu não me sinto criança, sim filhote!